quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Do Bonde : Guerreira Fernanda!


Estreando nas publicações do Bonde, vocês conhecerão a primeira guerreira!
Nos conhecemos há uns 10 anos atrás, pois trabalhamos juntas. Quando ela soube do meu diagnóstico, me procurou e me contou que também estava em tratamento. 
Quando li o resumo da sua história, me emocionei. 

Com vocês, Fernanda:



"Olá,

Sou Fernanda, tenho 36 anos e estou passando por um tratamento de câncer de mama.
Mas vou voltar lá atrás onde tudo começou pra que todos entendam a minha luta. Ao voltar para minha cidade natal Guaraçai SP, em meio a momentos muitos difíceis de adaptação, minha amada mãe recebeu o diagnostico de CA (câncer de mama). Diagnostico esse dado após ela ter acompanhado a irmã dela na luta contra o câncer de colo de útero (Graças a Deus ela está bem) A batalha em confortar e acompanhar o tratamento dela só começava. Pois pra poder se tratar precisávamos percorrer 150 km para cidade de Jales onde fica uma unidade do Hospital do Câncer de Barretos. Foram dias muitos difíceis onde o cansaço psicológico a maioria das vezes vencia o físico. Fazer minha mãe aceitar o que ela estava passando era uma luta constante, já que ela só questionava a Deus “Por que Eu“. Cada consulta, cada quimioterapia, cada exame era um gelo em nosso coração, mas a cada etapa vencida o sorriso dela crescia e a segurança em uma vida longa aumentava.  Mas Deus, já tinha traçado mais uma luta: “A minha”. Brincando com minha filha menor, ela bateu o pezinho em meu seio e lá senti um carocinho. E minha mãe na ultima semana de radioterapia dela (Julho de 2015) teve a noticia que a filha dela também começara a luta contra o câncer.
Lembro como se fosse hoje o medico me dando a notícia, estava eu e meu marido Fabio (meu porto seguro). Simplesmente eu disse: Bora Tratar!!! Ele surpreso falou que gostaria muito em me ver após a minha cura, pois minha reação foi tão boa e que ele espera que todos agem assim, pois muitos morrem por depressão em não aceitar a doença.
Muitos momentos, ao ver meus filhos, chorei sozinha. Passou um milhão de coisas na cabeça. Mas trabalhei muito meus pensamentos e mantenho minha fé e minha positividade até agora.  Evitei ler sobre o assunto, escutei simplesmente os médicos e não sai procurando o porquê e sim olhei para o grande exemplo que esta do meu lado (Mãe) e fui em frente. Meu médico Dr. Rafael optou em fazer o tratamento tudo antes pra depois operar. Depois de muitos exames começaram as famosas quimioterapias, na qual fiz 4 da vermelha (cabelos ao chão) e 12 quimio branca.  A cada quimio uma viagem longa e meu marido sempre do meu lado e minha mãe em casa cuidando das minhas filhas e rezando sempre!  Fazia algumas brincadeiras com minha filha menor, eu dizia assim: filha pega o pente que a mamãe tem que arrumar o cabelo pra sair....ela rindo muito dizia “Mamãe para, vc ta careca” kkkkkkkk, ou quando eu colocava as tiaras dela na minha cabeça....kkkkkk era um sarro.
O Dia da cirurgia chegou e eu já sabia que seria uma mastectomia simples com reconstrução, em outra palavras eles iriam tirar tudo que tinha dentro do meu seio inclusive o bico (aréola) e colar a prótese. E novamente vem as brincadeiras kkkkkk... Dr, pelo amor de Deus vai turbinar um e o outro vai ficar la no pé kkkkk e um sem o bico ainda kkkk.  No dia da cirurgia deve ter sido muito difícil para meu marido e toda família pois foi bem demorada já que também fiz o esvaziamento da axila. E a espera de noticias parecia eterna. Quando fui para o quarto meu marido tinha feito um grupo no whatsapp chamado notícias da Fer kkkkk Fiz os repousos necessários e no 15° dia que foi o dia de tirar o dreno (apelidado como cachorrinho, já que estava atrás de mim o tempo todo), meu médico veio com o resultado do exame feito com tudo que tirou da mama e da axila. Eles falam em porcentagem em relação ao resultado do tratamento. Essa hora eu estava deitada e de mão dadas com marido.  Para nossa alegria ele disse que o tratamento foi praticamente 100% pois o tumor tinha praticamente sumiu e que nenhuma das minhas glândulas das axilas estavam contaminadas.
Estou aguardando pra começar as rádios que serão 25 sessões. Agora imagina eu ter que viajar 150 km todos os dias pra deitar em uma maquina por poucos minutos e voltar. Vou fazer isso sorrindo, cantando e sempre feliz. Isso simmmm, sem reclamar! Fiz muitas amizades, escutei muitas historias linda, mas também com finais tristes.  Aprendi que temos que aceitar o que Deus traçou pra gente, e que tudo tem um proposito. Sempre busco as coisas boas no meio das coisas ruins. Tento sempre ser gentil, ajudar, ficar perto de pessoas alegres, pois isso sim é um fator essencial para a cura.
E tudo isso se resume um uma só palavra FÉ. Tenho muitas historias engraçadas, de incentivos, de amizade, mas se for contar tudo não conseguiria parar mais de escrever. Não posso deixar de mencionar que tudo que passei e estou passando seria muito difícil se não tivesse minha família do lado. Meu marido minha fortaleza, sempre do meu lado! Ele sim é um guerreiro!
E minha mãe, irmã, pai, filhos e a família sempre firme na fé e cada um ajudando da forma que pode.
Eles são minha razão de viver feliz.
Bora ser feliz.....




                                                          Fernanda Marchi "


Bora ser feliz Fer!!! Obrigada por compartilhar sua história conosco!!

O Bonde das Guerreiras - Apresentação

Olá leitores!!!

Nesse novo tempo, tive a honra e felicidade de fazer contato com algumas mulheres incríveis que também passaram, ou estão passando pelo tratamento oncológico.

Com algumas delas eu já tinha amizade há um tempo e outras, conheci por conta do diagnóstico.

São mulheres lindas, de diversas idades e com lindas histórias de fé, coragem e superação!!

Manter contato com elas tem sido inspirador para mim, e por isso, fiz um convite para que elas escrevessem aqui para o Blog, para que vocês também tenham oportunidade de conhecer suas histórias!!

Vocês vão notar que há uma força impressionante em cada uma delas, e por isso, à esse grupo de mulheres, no qual me incluo, dei o nome de O BONDE DAS GUERREIRAS.

Assim, entre um texto e outro, postarei aqui o "depoimento" que elas escreveram especialmente para mim e para vocês!

Inspirem-se!


Abraços!!

quinta-feira, 28 de julho de 2016

"Eu fui embora meu amor chorou, eu fui embora meu amor chorou...Vou voltar"

Quem foi embora: meu cabelo. Quem chorou: euzinha.
A boa notícia: ele voltará.

"Cabelo é o de menos nessa hora."
"Você vai ficar linda careca."
"Tem tantos lenços lindos que pode usar."
"Você é bonita de qualquer jeito."
"Tem umas perucas que parecem cabelo de verdade."
"O que importa realmente é a beleza interior."
"Uma mulher é muito mais que seus cabelos."
"Cabelo cresce."

Tudo verdade, porém nada suficiente para reduzir o pavor de ficar careca.
Eu só pensava em como me enxergaria no espelho, como seria encontrar os conhecidos e amigos, se as pessoas iriam ficar me olhando na rua ( mesmo de lenço)...se eu conseguiria sair de casa.
     

De todos os pensamentos, nenhum sequer me animava. Definitivamente, aquele seria um dos momentos mais difíceis da minha vida. A doença seria visível.

Uns dias antes da queda começar, eu já havia feito um corte chanel, para tentar sentir menos impacto.
Então, no dia 13/06, eles começaram a dar tchau. Comecei a sentir naquela semana um desconforto no couro cabeludo: uma leve pressão e dor. Eles começaram a soltar da cabeça, pela raiz. Algo assustador, foi soltando, em tufos.
No dia 15, entrei no banho, e ao começar a lavar a cabeça, mais da metade dos cabelos ficaram ali, no box do banheiro.

Ainda consegui disfarçar o que ficou com escova e faixa na frente, onde já apareciam as falhas no couro cabeludo. Estava evitando ao máximo aquele momento...

ah gente, essa imagem não podia faltar...rs

No sábado, 18/06 , saí com uma amiga e decidi no meio do caminho, comprar uma peruca. Enquanto a vendedora experimentava os modelos em mim, o resto dos cabelos saíam na mão dela. Minha amiga me olhou e disse: "Amiga, não dá mais para esperar. Vamos sair daqui e ir direto ao salão cortar".
É, não dava mais para fugir. Havia chegada a hora de encarar mais essa.
No salão, o cabeleireiro passou a máquina três (ele não quis passar a zero de jeito nenhum - não me pergunte porque) . Na segunda-feira, dia 20, meu cabeleireiro abriu o salão só para me receber, e lá, ele passou a máquina zero.
Me olhei no espelho, olhei de novo e mais algumas vezes, e notei que não tinha ficado tão ruim como imaginei. Até que tinha uma cabecinha bonita mesmo.


Assim, de forma resumida, "nasceu" a nova Milla, com um novo estilo e com um novo olhar, sobre a vida e sobre si mesma.

Não foi e ainda não é fácil lidar com essa nova imagem. Cada saída de casa é um evento : maquiagem, roupa para combinar com o lenço e vice versa, brincos diferentes.


A peruca só usei 2 vezes. Me acho esquisita com ela, então optei pelos lenços. Depois de alguns dias vendo tutoriais no youtube, consegui aprender algumas amarrações.
Ainda não tive coragem de sair careca na rua. Quem sabe quando chegar a primavera...

Ah, já ia esquecendo de contar: são todos os cabelos/pelos do corpo que caem. TODOS.
Só ficou um pouquinho de sobrancelha e cílios.

Enquanto isso, sigo firme, careca e em pleno tratamento.




"Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são." (Carl Jung)

Abraço!

terça-feira, 26 de julho de 2016

Quais são? Porque acontecem? Como lidar com eles?


Isso mesmo, hoje vou contar sobre os Efeitos Colaterais da Quimioterapia.

Estou indo para a 8ª Sessão de Quimio, e nesse período já senti vários. Vou listar aqui quais são os principais (que eu vivencio) , porque acontecem e como estou lidando com eles.

Antes, porém, reforço que cada organismo reage de uma forma e com intensidade diferente aos efeitos tóxicos da quimioterapia.

Os tecidos normais mais comprometidos pela ação tóxica são os que possuem células, cuja divisão acontece rapidamente, a saber : Medula Óssea, pele, incluindo os anexos ( cabelo, unhas) e mucosa do aparelho digestivo.

Então, vamos lá:

- Enjoo/Náusea/Vômitos - Não todos, mas a maioria dos quimioterápicos podem causar enjoos e vômitos. Eu nunca vomitei nesse período, somente senti enjoos, que começam geralmente 2 dias depois da aplicação. Tem semanas que são enjoos leves e outras, um pouco mais pesados. É uma sensação de "embrulho" e peso no estômago, e sinto um gosto metálico na boca
Como lido e o que me ajuda: Água de Coco e Água normal bem geladas; Sucos mais cítricos, tudo sem açúcar; comida com bastante tempero e mais salgadas ( doce dá mais enjoo para mim); Frutas mais azedinhas : o Kiwi por exemplo, foi uma alegria, quando comi em um dia com muito enjoo, "desceu" maravilhosamente bem. Maçã Verde também foi uma experiência agradável. Além disso, tomo os remédios para enjoo/náusea.





Diarreia ou Prisão de Ventre - Como a quimio "ataca"as células de divisão rápida, e normais, isso inclui a mucosa do intestino. Eu já tive as duas experiências, porém, o que acontece mais comigo é a prisão de ventre. Descobri esses dias também que o remédio para o enjoo contribui para isso. Cobertor de pobre, fazer o quê?...risos.
Como lido e o que me ajuda: Tento regular através da alimentação : mamão, leite, etc para os períodos de intestino preso, e em períodos de diarreia: banana, maçã, cenoura, etc. Tomo também um probiótico que a nutricionista indicou para auxiliar no equilíbrio da flora intestinal.
Quando tenho diarreia mais forte, tenho que tomar um remédio. A orientação do meu médico é comunica-lo caso a diarreia seja persistente.




- Queda da Imunidade - Esse é um assunto bem sério, pois a queda da imunidade pode abrir uma porta para infecções. Todo cuidado é pouco! A quimioterapia age nos glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas e é muito comum os pacientes em tratamento apresentarem anemia ( redução dos glóbulos vermelhos no sangue), leucopenia ( redução dos glóbulos brancos) e plaquetopenia ou trompocitopenia ( redução das plaquetas). Tive uma leve leucopenia e antes de fazer a 7ª sessão tive trompocitopenia. Para essa situação, um intervalo de uma semana na quimio foi suficiente para eu recuperar e poder seguir com o tratamento.
Como lido e o que me ajuda:  Evito locais fechados e aglomerados; fujo de pessoas gripadas; álcool em gel é meu fiel companheiro; ando com termômetro na bolsa; não tiro cutícula; alimento cru nem pensar; legumes só cozidos, carne bem passada, fruta descascada. Tenho cuidado para não me machucar. Faço exames de sangue semanalmente para monitorar essas taxas. Por indicação da Nutri, também tomo suplementos para auxiliar na imunidade: Geléia Real, Própolis Aquoso e Ensure, para substituir alguma refeição quando não dá vontade de comer.
Farei um post dedicado à questão da alimentação.



- Queda dos Cabelos ( Alopecia) - De longe, o efeito mais impactante do tratamento para mim.
A célula do folículo piloso, que dá origem à estrutura do cabelo, sofre lesão, se desprega e cai, quando recebe a ação da quimioterapia. Lembrando que não são todos os quimioterápicos que provocam queda dos cabelos, mas no meu caso, os cabelos começaram a ir embora a partir do 13º dia da primeira sessão.
Esse assunto será tema do próximo post, pois merece um texto dedicado, tamanha a representatividade no tratamento e nesse meu novo tempo.
Como lido e o que me ajuda: Oração, terapia e lenços.

No mais, acontecem alguns efeitos "menores" : manchinhas, erupções e ressecamento na pele, por isso a importância de filtro solar e bons hidratantes; as unhas ficam quebradiças; aftas na boca; alguns dias sinto dores nas pernas; fadiga as vezes, mas não é intensa.

Vejam meus amigos leitores que a rotina do paciente em tratamento oncológico não é nada simples, por isso, caso tenham amigos e/ou familiares passando por isso, trate-os com muito carinho, compreensão e paciência. Será uma grande contribuição ;)



Por hoje, é isso.
Abraço e continuem acompanhando.


"Você nunca sabe a força que tem, até que sua única alternativa é ser forte"



  • Fontes: Instituto Vencer o Câncer ( www.vencerocancer.org.br) / Inca ( www.inca.gov.br) / 

sábado, 23 de julho de 2016

A tão temida, esperada e necessária : Quimioterapia - 1ª Sessão

No período entre a consulta com o Oncologista e a primeira sessão de quimioterapia, tentei me preparar psicologicamente (bobinha), através de leituras, visita à Nutricionista e conversa com quem tinha experiência no assunto.



A "estreia" foi remarcada do dia 27 para o dia 30, devido à burocracias do convênio.

Dia 30/05/2016 a ansiedade me acordou as 06 horas da manhã. Fiquei na cama pensando como meu corpo reagiria e se eu sentiria dor na hora de pegar a veia* (ok, o termo correto é puncionar a veia) e durante a aplicação dos medicamentos.
Tinha lido algumas coisas terríveis, de gente que tem falta de ar, vômitos, reações alérgicas...O Dr. Google me deixou com caraminholas na cabeça.

 *Até hoje, no momento do enfermeiro pegar a veia, eu faço uma pequena oração, conto 1,2,3 e dou um "Glória a Deus e Aleluia quando ele termina. Pois é, criei meu ritual. #cadadoidocomsuamania #tádandocerto

Às 13 horas cheguei na Clínica e depois de passar pela recepção, fui para o consultório do médico. Lá ele verificou minha pressão, temperatura e peso. Conversamos, ele analisou o resultado dos exames de sangue e começou com as prescrições: Remédio para enjoo/vômito de 12 em 12 horas, outro para náusea na hora de dormir, um para distúrbios gastrointestinais 3 x ao dia, outro específico para diarreia e, por fim, antialérgico para tomar no dia anterior à quimio. Ufa! Vi que o Dr.Google poderia estar certo. Ansiedade MODE ON!

Já ia me esquecendo: Nessa consulta o médico me informou que em 15 dias meu cabelo ia começar a cair. (farei um post dedicado à esse "evento").


Depois que o médico me liberou, fui para o andar em que realizaria o procedimento. Aguardei um tempo na sala de espera, junto com outros pacientes, então o enfermeiro abriu a porta, chamou pelo meu nome e me acompanhou até a cabine.

Ele verificou minha pressão, temperatura, oxigênio, me entregou um livreto com dicas importantes,e me falou sobre elas : comunicar imediatamente à equipe qualquer sinal de desconforto durante a aplicação; beber bastante líquido diariamente; evitar alimentos quentes durante e até duas horas após a aplicação; evitar alimentos condimentados ou gordurosos neste dias; usar protetor solar sempre que sair a rua, mesmo em dias nublados; usar loção hidratante na pele para prevenir ressecamento; comunicar imediatamente o médico em caso de febre; fazer higiene bocal com escova macia e bochecho com água bicarbonatada; fazer exercícios diários com uma bolinha para ajudar a condição venosa com a movimentação da musculatura do braço.

À essa altura do campeonato, já estava zonza pensando como iria me organizar com tantas recomendações, remédios e possíveis efeitos colaterais que viriam.



Começamos a bendita! Primeiro é aplicado um pouco de soro, depois o preparo - medicamento antialérgico e para enjoo - e só então o medicamento quimioterápico, que também é aplicado junto com soro.

Fiquei lá aproximadamente 3 horas. Durante o procedimento senti apenas um gosto amargo na boca ( algo normal, segundo o enfermeiro) e sono intenso.

Minha amiga e acompanhante Clo e o Henrique, enfermeiro super legal que pegou minha veia direitinho. Graças a Deus!!

Pois bem: Sobrevivi! Não foi tão ruim como imaginei. Não é um bicho de sete cabeças.
Aliás, minha relação com a quimioterapia tem sido de respeito e gratidão. 
A cada sessão, agradeço à Deus pela oportunidade de me tratar, pois como devem saber, muitos recebem esse diagnóstico já em uma fase que não há mais o que ser feito. 



Decidi ser grata e passar por cada sessão com leveza, alegria e confiança.
Decidi ter o coração e mente abertos para aprender todas as lições que esse novo tempo pode me ensinar.


Continue acompanhando. Há muitos sentimentos, descobertas e decisões por vir.

Abraços!!

Milla.









sexta-feira, 22 de julho de 2016

O Dia D

No dia 12/05, quinta-feira, conforme programado (leia o texto Como tudo começou!), cheguei ao consultório para o retorno. Fui acompanhada pela minha mãe, que chegou ao Rio no dia da minha cirurgia.

O médico me recebeu, conversamos um pouco, ele me achou super bem e já foi me dando o atestado para retorno ao trabalho na segunda, dia 16/05. Fomos para outra salinha, onde retirou os pontos e voltamos para a sala dele, para falarmos sobre o tratamento da endometriose.
 Até então, tudo tranquilo e favorável!

A secretária então liga dizendo que o laboratório estava na linha. O médico pede para passar a ligação, fica olhando para mim enquanto ouve o que diziam do outro lado. Em algum momento, ele começa : "Jura? Verdade? Repete o nome por favor! Que droga...". Ele desligou o telefone, me olhou sério e disse: " Milla, era a médica patologista do laboratório e o resultado do exame histopatológico saiu: É Câncer!"
É gente! Foi assim que recebi meu diagnóstico. Depois, o médico chamou minha mãe que estava na recepção e contou para ela, pois eu não tive coragem.



Já passaram mais de 2 meses e até hoje não consigo descrever plenamente o que senti. O mundo parou e ficou tudo escuro por um instante. Senti um aperto terrível no peito, a garganta deu um nó. Uma tristeza profunda em ver minha mãe recebendo essa noticia. Medo, muito medo! Dor, muita dor! Queria que alguém me sacudisse e dissesse: "Milla, acorda! Foi só um pesadelo".


Passada a incredulidade e pânico do momento, o médico mesmo ligou e agendou minha consulta com o Oncologista, Dr. Sérgio Allan (#incrível), para o dia seguinte, logo no primeiro horário.

O resto do dia foi de muita quietude, choro e reflexão. Enquanto minha mãe ligava para dar a notícia aos familiares, eu contei para algumas pessoas por whatsapp. Não foi a forma ideal, mas eu realmente não conseguia falar. Todos se assustavam muito, muitos questionamentos...Como? Desde quando? Porque? Mas e agora? Está no começo? ( fico imaginando eu respondendo :" Não, está no fim...").
Perguntas para as quais eu não tinha tenho resposta...
E agora José?

No dia 13/05, as 08:30 da manhã eu já estava com o Oncologista. Ele avaliou o laudo histopatológico (o diagnóstico técnico foi:  Adenocarcinoma), tomografia, ressonância e exames.
Conversamos sobre a minha vida ( rotina, histórico, etc) e me explicou como seria o tratamento. Dentro da confusão mental em que me encontrava, consegui tirar algumas dúvidas e perguntar: "Dr, vou ficar bem?" Ele me respondeu : "Milla, você tem que ter a consciência que câncer é uma doença grave, mas que é tratável e curável. Você vai ficar boa."


Saí do consultório sem a corda no pescoço, com pedidos de exame, guia de informações ao paciente com câncer, um atestado de afastamento do trabalho, algumas recomendações, a carteirinha de agendamento das quimioterapias, com a  primeira marcada para 27/05, e mais importante, saí de lá com a certeza de que minha vida nunca mais seria a mesma.

Não sabia bem como seguiria a vida dali para frente, mas uma coisa eu sabia: queria viver, e viver MUITO!! Falando no tempo presente: Quero viver MUITO e realizar ainda muitos Sonhos!

Quem me conhece sabe que sou uma mulher de fé, otimista e que ama a vida, com todos os desafios que ela trás. Diante disso, segui e venho seguindo, com muita confiança, coragem e sempre que possível, bom humor!



Continue acompanhando, pois logo mais contarei sobre a primeira quimioterapia, a queda dos cabelos e muitas outras experiências e descobertas desse Novo Tempo!

Abraço forte!



quinta-feira, 21 de julho de 2016

Como tudo começou!

Está com tempo livre? Então entre e sente, que vou contar como o Novo Tempo começou!

1, 2, 3 Valendo!

Tudo começou há um tempo atrás, na ilha....ops, péra! Não! Netinho e Milla agora não.

No dia 03/05/2016, as 23:00 horas, comecei a sentir uma dor pélvica muito intensa. MUITO INTENSA. Foi tipo uma cólica menstrual, multiplicada por 20, talvez. Estava sozinha em casa e sem remédio para cólica. Sim, eu ia tentar tomar remédio e se passasse a dor, seguiria a vida. #nãomejulguem #quemnunca #masnãosigameuexemplo.

Obs. Sobre a foto, nem preciso dizer que é meramente ilustrativa né? Tenho muito mais pigmento na pele que a moça aí. A dor também me deixou mais inclinada que ela :/


Graças a Deus não encontrei remédio, então eu liguei para a minha vizinha e síndica pedindo ajuda.
Quando ela chegou e viu meu estado, chamou outro vizinho, me carregaram e lá fomos para o Hospital.

Já na Emergência do Hospital, fui medicada para dor e começaram os exames : sangue, incluindo de gravidez, urina e tomografia, até que as 02:00 horas da manhã, vieram uns 3 médicos falando que eu precisaria ficar internada e que no período da manhã o Médico Ginecologista responsável chegaria para falar comigo.

As 06:00 horas da Manhã, do dia 04/05/2016 chegou o Ginecologista responsável, muito simpático e divertido, dizendo que pediria alguns outros exames e que provavelmente eu teria que fazer una Cirurgia para retirar o Cisto do Ovário que tinha rompido, e por isso, eu tinha tanta dor. O Cisto, um Endometrioma, foi identificado na Tomografia.




Depois do susto com a notícia da cirurgia, que seria a primeira da minha vida, o médico me emprestou o celular dele, já que o meu tinha ficado em casa com a correria, e eu liguei para avisar família, alguns amigos e turma do trabalho.

Realizei mais alguns exames de sangue e uma ressonância, e às 16:00 horas lá estava eu, indo para a sala de cirurgia, realizar a Videolaparoscopia para retirada do Cisto e do Ovário Esquerdo que estava comprometido, como o médico já havia me informado.




As 20:00 horas aproximadamente, voltei para o quarto, grogue, o médico já estava lá. Me disse que tudo correu bem na cirurgia, que eu tinha uma endometriose profunda e que, a partir desse diagnóstico agora, faríamos o tratamento.

No dia 06/05/2016 tive alta e marquei meu retorno médico para dia 12/05/2016 (a data fatídica).

Para o dia do retorno, o objetivo era retirar os pontos, pegar o relatório para voltar ao trabalho e receber o laudo histopatológico do que foi retirado na cirurgia, para encaminhar ao Plano de Saúde.
E assim aconteceu. Eu só não contava com o resultado do exame histopatológico... (longas reticências).

Mesmo com o susto e correria desses dias no hospital para a cirurgia de emergência, eu estava me sentindo tranquila e grata por ter retirado aquilo que me causava tanta dor. Tudo deu certo. Agora era tratar a endometriose e seguir a vida normalmente. #SQN

Se eu posso dar algum conselho, ou melhor, compartilhar alguma lição dessa situação, é : Faça exames de imagem e ouça com atenção cada sinal que seu corpo dá. Não se automedique. Para as mulheres: O Papanicolau só detecta problemas/câncer no Colo do Útero. Ele não é suficiente para detectar Câncer de Ovário. Façam todos os exames de imagem ( ultrassom transvaginal e outros que seu médico pedir) periodicamente.

Bom, por hoje é isso.
Fica ligado, pois no próximo post contarei como foi receber o diagnóstico.







quarta-feira, 20 de julho de 2016

A importância da Amizade no Novo Tempo

Aproveitando o Dia do Amigo, comemorado hoje, quero escrever um pouco sobre a importância desses anjos sem asas nesse período pós diagnóstico.


Foi bem interessante (em alguns casos, até engraçado), observar a reação dos meus amigos quando descobriram que eu fui diagnosticada com câncer. Uns me consolaram, outros eu que tive que consolar. Alguns não acreditavam nem por decreto que eu estava bem, afinal, como pode alguém com diagnóstico de câncer conseguir ficar bem né?? Pois é...Pode sim! Alguns passaram a me ligar diariamente, outros se distanciaram um pouco. Todos se colocaram à disposição, para o que eu precisar. Recebi surpresas, homenagens e palavras emocionantes, que foram como um remédinho para minha alma nos dias mais tensos!! Sou grata por tanto afeto recebido!!





Alguns desses amigos, estão por aqui passando bem de perto esse novo tempo comigo. Desde o dia da cirurgia, diagnóstico, primeiras sessões de quimioterapia, queda do cabelo, escolha da peruca e lenços até monitoramento dos exames de sangue, eles estão marcando presença.
Clo, Stella e Chiquinho, seus lindos!!! Muito amor e muita gratidão por vocês.



Algumas amigas incríveis também, estão distante fisicamente. Sei que elas, dentro do contexto da distância, têm se esforçado para estarem o mais "próximo" de mim, demonstrando cuidado e muito amor. Saibam que reconheço e agradeço muito a amizade de vocês! Marcela, Dani de Rio Preto, Dani de Piracicaba, suas lindas!!! Muito amor e muita gratidão por vocês também.




Sei que citar nomes é um perigo, mas, quis muito fazer uma pequena homenagem para essas pessoas maravilhosas!!!

No mais, meus leitores, deixo um trecho de uma Crônica da Martha Medeiros que gosto muito, sobre a amizade:

"...Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta. Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país. Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu. Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o réveillon. Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador. Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém."

Amém!
Feliz Dia do Amigo!! :):)

terça-feira, 19 de julho de 2016

Novo Tempo - A Música

Essa música do Ivan Lins sempre mexeu comigo. Ela está no meu "TOP 5 Músicas da Vida"(qualquer dia desses publico sobre as outras 4 da lista).
A letra fala um pouco de um "tipo de gente" que deve ter o termo resiliência como sobrenome, pois é um povo que apesar de : castigo, injustiça, força bruta, perigos, noites escuras, pecados, enganos...está aí, na luta, vivendo, sobrevivendo, se socorrendo. Um tipo de gente, que pode até sair de cena por alguns momentos, mas depois volta, mais forte, com mais talento, digamos assim.
Acho que me identifico com a música, pois, modéstia à parte, me identifico com esse tipo de gente. Aliás, sou desse tipo :)

O meu novo tempo da vez, está sendo tão impactante e já transformador,  que até me motivou a criar um Blog para compartilhar as experiências e emoções vividas nele.
Esse novo tempo começou no dia 12/05/2016, quando recebi um diagnóstico: Neoplasia Maligna do Ovário.
E é sobre a vida "pós diagnóstico" que pretendo escrever aqui.

Vem comigo, para conhecer um pouco da rotina, medos, alegrias, agonias e expectativas de uma paciente em tratamento, e principalmente, em transformação!



Aaah, e com vocês, a letra da música que inspirou o nome do blog e inspira a minha vida:

"Novo Tempo
 (Ivan Lins)

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver

Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança

No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça..."