quinta-feira, 28 de julho de 2016

"Eu fui embora meu amor chorou, eu fui embora meu amor chorou...Vou voltar"

Quem foi embora: meu cabelo. Quem chorou: euzinha.
A boa notícia: ele voltará.

"Cabelo é o de menos nessa hora."
"Você vai ficar linda careca."
"Tem tantos lenços lindos que pode usar."
"Você é bonita de qualquer jeito."
"Tem umas perucas que parecem cabelo de verdade."
"O que importa realmente é a beleza interior."
"Uma mulher é muito mais que seus cabelos."
"Cabelo cresce."

Tudo verdade, porém nada suficiente para reduzir o pavor de ficar careca.
Eu só pensava em como me enxergaria no espelho, como seria encontrar os conhecidos e amigos, se as pessoas iriam ficar me olhando na rua ( mesmo de lenço)...se eu conseguiria sair de casa.
     

De todos os pensamentos, nenhum sequer me animava. Definitivamente, aquele seria um dos momentos mais difíceis da minha vida. A doença seria visível.

Uns dias antes da queda começar, eu já havia feito um corte chanel, para tentar sentir menos impacto.
Então, no dia 13/06, eles começaram a dar tchau. Comecei a sentir naquela semana um desconforto no couro cabeludo: uma leve pressão e dor. Eles começaram a soltar da cabeça, pela raiz. Algo assustador, foi soltando, em tufos.
No dia 15, entrei no banho, e ao começar a lavar a cabeça, mais da metade dos cabelos ficaram ali, no box do banheiro.

Ainda consegui disfarçar o que ficou com escova e faixa na frente, onde já apareciam as falhas no couro cabeludo. Estava evitando ao máximo aquele momento...

ah gente, essa imagem não podia faltar...rs

No sábado, 18/06 , saí com uma amiga e decidi no meio do caminho, comprar uma peruca. Enquanto a vendedora experimentava os modelos em mim, o resto dos cabelos saíam na mão dela. Minha amiga me olhou e disse: "Amiga, não dá mais para esperar. Vamos sair daqui e ir direto ao salão cortar".
É, não dava mais para fugir. Havia chegada a hora de encarar mais essa.
No salão, o cabeleireiro passou a máquina três (ele não quis passar a zero de jeito nenhum - não me pergunte porque) . Na segunda-feira, dia 20, meu cabeleireiro abriu o salão só para me receber, e lá, ele passou a máquina zero.
Me olhei no espelho, olhei de novo e mais algumas vezes, e notei que não tinha ficado tão ruim como imaginei. Até que tinha uma cabecinha bonita mesmo.


Assim, de forma resumida, "nasceu" a nova Milla, com um novo estilo e com um novo olhar, sobre a vida e sobre si mesma.

Não foi e ainda não é fácil lidar com essa nova imagem. Cada saída de casa é um evento : maquiagem, roupa para combinar com o lenço e vice versa, brincos diferentes.


A peruca só usei 2 vezes. Me acho esquisita com ela, então optei pelos lenços. Depois de alguns dias vendo tutoriais no youtube, consegui aprender algumas amarrações.
Ainda não tive coragem de sair careca na rua. Quem sabe quando chegar a primavera...

Ah, já ia esquecendo de contar: são todos os cabelos/pelos do corpo que caem. TODOS.
Só ficou um pouquinho de sobrancelha e cílios.

Enquanto isso, sigo firme, careca e em pleno tratamento.




"Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são." (Carl Jung)

Abraço!

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